Ivan, 37

Porque é que escondo isso? Por orgulho, suponho. Os homens não podem ficar deprimidos. Admitir que estou deprimido significa que não sou um bom marido ou um bom pai, porque deveria ser capaz de fazer tudo, certo? É o que eu penso.

A música é a minha vida. É quem eu sou. É por isso que a ensino, acho eu. Tenho uma pequena flauta de madeira que os meus avós me deram quando eu tinha cerca de 10 anos e ainda a toco quando me sinto em baixo. É uma coisa reconfortante, improvisando de uma nota para a outra.

Não tenho palavras para expressar o que sinto quando estou em baixo. A minha mente fica completamente devastada. Pensamentos e memórias fluem dos cantos mais escuros da minha mente. Tenho realmente de lutar comigo próprio para impedir de me afogar na escuridão.

Quando isto acontece, eu torno-me insuportável. Perco totalmente o controlo das minhas emoções. Fico agitado e irritável com estas explosões irracionais que a minha mulher e filhos não compreendem. Até a mais pequena coisa me irrita. É esgotante.

Mas outras vezes passo de zangado, deprimido a desafiante. Tenho estas explosões de energia para me distrair. A zumbir pela sala de aula, fingindo ficar entusiasmado quando alguém acerta na nota certa. Na esperança de me afastar da borda.

Um dos aspetos mais frustrantes da minha depressão é a sua imprevisibilidade. Pode ser cruel e impiedosa. Falar sobre ela nunca ajudou. E nunca irá desaparecer mas, com o tratamento correto, é controlável.

Foram precisos 15 anos de vida com perturbação depressiva major para finalmente ficar mais satisfeito comigo mesmo, e com o meu trabalho. Tem sido um caminho longo e difícil, mas tem valido bem a pena o esforço. E sobrevivi. Estou a sobreviver.