Lisa, 35
Lisa, 35
Desesperada, sozinha, inútil e inferior. É assim que eu me descreveria quando estou no meu pior estado. O momento em que já não conseguia aguentar foi quando comecei o meu trabalho. Sentia-me um fracasso, sempre a criticar-me. Era cansativo e eu estava sempre triste. Chorava muito. Foi então que fui ao meu médico de clínica geral (CG).
No início, parecia que ela não me levava a sério. Disse-me que eu só precisava de algum descanso, mas isso não era suficiente. Após algum tempo, fui encaminhada para um psicólogo e depois para um psiquiatra, que iniciou o meu tratamento. No total, foram necessários cerca de dois anos para chegar a um diagnóstico.
Passados 18 meses quis parar com a medicação, e assim fiz. Mas não percebi o quanto isto me iria afetar. Cheguei ao ponto de me tornar suicida. Na verdade, não planeei nada, mas estava convencida de que seria melhor partir porque sentia que a minha vida não tinha valor para ninguém. A única razão pela qual não me matei foi porque o meu pai estava de férias na altura. Não quis estragar a sua viagem.
Sabia que tinha de consultar novamente o psiquiatra. Ele reiniciou o meu tratamento e, felizmente, tudo voltou ao normal. Guardo os meus comprimidos nesta caixa oval. É dourada com flores. Bastante amassada, na verdade. Mas eu costumava brincar com ela quando era criança, por isso, para mim, tem boas recordações.
Ainda tinha dias maus, mas encontrava uma forma de os ultrapassar. Na verdade, viagens frequentes ao centro de jardinagem tornaram-se uma parte importante da minha vida. Adoro estar rodeada pela natureza e ter tempo para refletir. As flores em especial acalmam-me e ajudam-me a lembrar que tudo vai ficar bem.
Hoje sou mais feliz. Cuido muito de mim, e trabalhar e viver a minha vida da forma que eu quero é algo que preciso de continuar a fazer. A depressão é difícil e negativa e não traz alegria, mas estou orgulhosa de dizer que encontrei ajuda e apoio para me ajudar a superá-la.